terça-feira, 1 de julho de 2008

[A descobrir] Majid Majidi

 

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Juntamente com Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf, Majid Majidi forma uma trindade de realizadores de destaque que surgiram no Irão na década de 90.

O trabalho destes extraordinários cineastas permitiram o estabelecimento de uma reputação de cinema de extrema qualidade na comunidade cinéfila para o cinema persa, ao mesmo tempo que mostrou ao mundo uma nova faceta gentil e muito mais humana da vida iraniana, contrapondo aquela visão usual promovida pelo Ocidente no período pós revolução islâmica.

Em simultâneo a obra de Majid utiliza tipicamente histórias sobre crianças e sobre famílias para de uma forma metafórica abordar temas políticos e sociais mais abrangentes e profundos que a comunidade artística no Irão tinha alguma dificuldade em abordar.

Majid estreia-se como realizador com um muito interessante “Baduk” em 1992 que logo criou alguma expectativa acerca do seu futuro.

Mas é em 1996 com o belo “The Father”, que ganhou inúmeros prémios em festivais por todo o mundo, trazendo-lhe uma reputação de cineasta sensível e perfeccionista ao mesmo tempo que abria as portas do Ocidente para a cinematografia Iraniana.

No ano seguinte, realiza a sua obra prima “The Children of Heaven” , que chega a ser nomeado pela Academia para melhor filme estrangeiro, e recebe laudas recomendações em festivais de referência como o de Los Angeles, Montreal ou mesmo Veneza.

Para quem quiser descobri um pouco do extraordinário trabalho deste realizador iraniano, recomendo o referido “The Children of Heaven” e o meu preferido “The Color of Paradise”.

 

Filmografia :

  • 2008
    The Song of Sparrows
  • 2005
    The Weeping Willow
  • 2003
    Paberahne ta Harat [doc]
        3 Stars
  • 2001
    Baran
  • 1999
    The Color of Paradise
    4.5 Stars
  • 1997
    The Children of Heaven
    4.5 Stars
  • 1996
    The Father
    3 Stars
  • 1992
    Baduk
    2 Stars

segunda-feira, 23 de junho de 2008

[Ouvir] Muse - Muscle Museum

 

Uma das poucas coisas de interesse que se passaram no Rock In Rio deste ano.

Simplesmente brilhantes.

 

terça-feira, 17 de junho de 2008

[Ver] O Orfanato

 

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Título Original:
"El Orfanato" (2008) [Spain]

Realização:

Juan Antonio Bayona

Actores:

Belen Rueda, Fernando Cayo, Geraldine Chaplin

Comentário

A forma única que Del Toro tem de olhar para o mundo fantasioso das crianças, demonstrada no maravilhoso “Labirinto do Fauno”, é algum que sempre gerou muita controvérsia, facilmente gerando ódios à mesma velocidade que gera admiração.

Este novo ensaio sobre esse mesmo mundo, agora com uma abordagem menos pesada e mais fundamentada numa pretensa realidade será com certeza mais um desses filmes, ou seja ame-se ou odeie-se.

Com a realização agora a cargo do espanhol Juan Antonio Bayona, o que impressiona mais neste trabalho é a capacidade de Bayona em gerar ambientes soturnos e inquietantes, recorrendo unicamente a subtis movimentos de câmara, a um trabalho de perfeição no jogo de luzes e acima de tudo num incutir de um ritmo narrativo que dispara os níveis de desconforto do espectador frame a frame, nada de CGI’s ou efeitos especiais esfusiantes e milionários.

Del Toro é um mestre no processo de criação de uma apoteose emocional e neste “The Orphanage” o seu dedo é clramente visivel na forma assombrosa como vamos sendo consumidos por essa crescente sensação de inquietação e de desconforto.

Este “The Orphanage” é um filme de atmosfera, de ambiente, é uma obra que vem provar que o género “Casa Assombrada” é um género que está bem de saúde e que ainda resulta quando em boas mãos.

Desta forma o espanhol Juan Antonio Bayona junta-se ao mexicano Guillermo del Toro e ao chileno Alejandro Amenábar no grupo de cineastas latinos com um talento muito peculiar e único para o macabro.

[4/5] Uma viagem inquietante e envolvente.

4

segunda-feira, 16 de junho de 2008

[Ver] Shotgun Stories

 

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Título Original:
"Shotgun Stories" (2007) [USA]

Realização:

Jeff Nichols

Actores:

Michael Shannon  - Son Hayes 
Douglas Ligon  - Boy Hayes 
Barlow Jacobs  - Kid Hayes 
Michael Abbott, Jr.  - Cleaman Hayes 
Travis Smith  - Mark Hayes

Comentário

Uma primeira obra extraordinária, este Shotgun Stories de Jeff Nichols.

Uma história que gira em torno de uma guerra de irmãos filhos do mesmo pai, uma história sobre espiral de violência e os caminhos que esta nos leva a trilhar impiedosamente, uma história sobre desespero humano e perdição, uma alegoria sobre a falência de uma sociedade na sua função agregadora.

Durante cerca de 90 minutos Nichols consegue contar uma fábula de violência sempre num ritmo contemplativo e harmonioso e é esta conjugação de ritmos improvável que torna esta primeira obra tão extraordinária.

Desde o maravilhoso “Badlands” do mestre Malick que não se vislumbrava esta América profunda, bela e bucólica, violenta e intransigente, um olhar verdadeiramente impressivo sobre o white trash americano.

Destaque para a soberba interpretação de Michael Shannon, um actor à parte na sua geração, para a maravilhosa fotografia e para o ritmo perfeito dado á história por Nichols.

A partir de agora muito atenção a este menino.

[4/5] A não perder.

4

quinta-feira, 12 de junho de 2008

[Rever] O Labirinto do Fauno

 

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Título Original:
"El Laberinto del Fauno" (2007) [Spain]

Realização:

Guillermo del Toro

Actores:

Ariadna Gil - Carmen
Ivana Baquero - Ofelia
Sergi López - Vidal
Maribel Verdú - Mercedes
Doug Jones - Pan
Alex Angulo - Doctor
Manolo Solo - Garces
Cesar Vea - Serrano
Roger Casamajor - Pedro

Comentário

Filme de adjectivos.

Belo, triste, negro e inocente.
Pensem num mundo perdido e cheio de desespero que foi a Espanha franquista e pintem-no bem de negro, de seguida imaginem uma junção da fantasias, a louca de Alice com a inocente de Pan, pincelem ambas com cores brilhantes sob o negro anterior e aí têem este filme de del Toro. Belo, triste, negro e inocente...

 

[4/5] Belo

4

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Divagação

Gipraia

 

Há-de flutuar uma cidade


há-de flutuar uma cidade no crepúscolo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

 

texto – al berto

sexta-feira, 23 de maio de 2008

[Ver] A Maratona do Amor

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Título Original:
"Run, Fat Boy, Run" (2007) [USA / UK]

Realização:

David Schwimmer

Actores:

Simon Pegg  - Dennis 
Thandie Newton  - Libby 
Hank Azaria  - Whit 
Dylan Moran  - Gordon 
Matthew Fenton  - Jake 
Harish Patel  - Mr. Goshdashtidar 

Comentário

A estreia de David Schwimmer na realização cinematográfica , depois de uma prolongada exposição, quer como actor, quer como realizador, na desgastada série americana Friends, era aguardada por muito boa gente.

Ainda para mais quando se soube que contava com a participação como actor e autor do argumento do actor britânico de culto, Simon Pegg.

E o resultado é no entanto uma lástima, e o que mais surpreende é o facto de ser uma lástima acima de tudo no argumento, logo onde parecia termos mais a esperar.

De facto, a idiotice deste argumento de Simon Pegg chega a ser ofensiva, e não estamos a falar da idiotice kitsch do anterior argumento de Pegg para cinema, o interessante “Hot Fuzz”, mais, se compararmos com as coisas que este senhor escreveu em “Spaced” ou “Big Train”, chegamos mesmo a duvidar se este “Run Fat Boy, Run”, terá sido verdadeiramente escrito por Pegg ou se roubou um dos trabalhos caseiros do seu filho mais novo para a escola.

Passando a fase da história ridícula, passemos aos actores, aqui a desgraça continua, Pegg desta vez está num registo irreconhecível procurando agora ser uma caricatura estereotipada de um Hugh Grant com laivos de Jerry Lewis que não resulta de todo,   Hank Azzaria continua a sua saga de papeis irritantes e desprezíveis, mostrando mais uma vez que o seu talento se limita a fazer imitações vocais, o resto do elenco navega sem rumo.

Uma tentativa de fazer um filme a Farrely Brothers totalmente falhada com tudo o que de mau estes meninos costumam apresentar nas suas obras, mas sem nada de bom que estes ainda conseguem colocar nos seus filmes.

Enfim uma tremenda desilusão, e um filme que no final do seu visionamento nos deixa irritados, o problema é que estamos perante uma comédia e isso não é bom.

[1/5] Estupidamente rídiculo

hitmedo

quarta-feira, 21 de maio de 2008

E a Segunda Feira que nunca mais chega …

 

Os bilhetes fervem no bolso e a vontade dispara e o Coliseu aqui tão perto.

E a Segunda Feira que nunca mais chega…

 

 

 Cat Power – Dia 26 Coliseu.

terça-feira, 20 de maio de 2008

[Admirar] Dead Christ – Andrea Mantegna

Em Milão, na famosa Brera Pinacoteca, somos inundados por uma sensação maravilhosa de contemplação da verdadeira essência humana, o negro e a luz que caracterizam o espírito humano estão aqui tão evidentes e presentes, o deleite lado a lado com a dor.

Uma multiplicidade inesgotável de obras maravilhosamente belas abordando temas na sua maioria tenebrosos e negros, e é essa a nossa verdadeira essência, capazes de criar o belo e de cometer o atroz.

Nesta contemplação uma obra marcou, a visão de um Cristo ortodoxo numa visão mortalmente real e intimidadora. Arrepiante.

 

manh

 

Visto na  Pinacoteca Brera - Milão.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

[Rever] Cartas de Iwo Jima

Iwo Jima

   

Título Original:
"Letters from Iwo Jima" (2006) [USA / Japan]

Realização:

Clint Eastwood

Actores:

Ken Watanabe - General Tadamichi Kuribayashi
Kazunari Ninomiya - Saigo
Tsuyoshi Ihara - Baron Nishi
Ryo Kase - Shimizu
Shidou Nakamura - Lieutenant Ito

Comentário

Eastwood já nos mostrou que de facto é um dos melhores Directors da nossa época, esta segunda viagem á batalha de Iwo Jima (agora do lado sol nascente) é de facto um dos melhores filmes do antigo Dirty Harry.
O tema de Flags e deste Letters, ao contrário do que se poderia pensar, não é a guerra, mas sim o verdadeiro valor do heroísmo

Em Flags estamos perante um heróismo construído pelos media e pela máquina de propaganda do governo americano, no caso de Letters este é construído pela tradição e pela desvalorização do valor da vida humana, mas em ambos os casos o fim é o mesmo, o desperdício de sonhos e de vidas cerceadas por nada.

Tim Buckley num momento de inspiração genial escreveu o seguinte numa das suas mais belas canções:

Is the war across the sea?
Is the war behind the sky?
Have you each and all gone blind:
Is the war inside your mind?
Humans weep at human death
All the talkers lose their breath
Movies paint a chaos tale
Singers see and poets wail
All the world kows the score
But no man can find the war

É isso, a guerra cresce e acontece na mente de cada um de nós e não no mar, no ar ou na terra. Nem em Iwo Jima, nem no Vietnam, nem no Iraque, a guerra somos nós e nós somos a guerra.

No man can find the war.

[5/5] Incontornável

5

Salvador da Baía - Party Colors

 

fachada

segunda-feira, 12 de maio de 2008

[Recordar] Beirut - Nantes

 

Puro génio.

 

New York – Grey City

 

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[Ver] Reservation Road - Traídos pelo Destino

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Título Original:
"Reservation Road" (2007) [USA]

Realização:

Terry George

Actores:

Joaquin Phoenix  - Ethan Learner 
Mark Ruffalo  - Dwight Arno 
Jennifer Connelly  - Grace Learner 
Mira Sorvino  - Ruth Wheldon 
Elle Fanning  - Emma Learner 

Comentário

Terry George já nos habituou a filmes recheados de clichés, foi assim com o medíocre “Hotel Rwanda”, foi assim com o medíocre “In the Name of the Father” (dois dos seus mais conhecidos trabalhos) e é decididamente assim com este medíocre “Reservation Road”.

Chega a ser frustrante a previsibilidade desta abordagem a uma temática já de si direccionada para caça ao Oscar.

Os clichés pululam por este filme de uma forma demasiado abusiva e óbvia, é o “este é um mundo pequeno”, é o “eu quero confessar mas estão sempre a interromper-me”, é ainda o mais que visto “jogo do gato e do rato”, enfim navegamos constantemente no óbvio e no sensaborão, com um conjunto de actores a gritarem uns com os outros.

Os actores estão completamente enquadrados num registo obviamente maniqueísta, Phoenix chega a ser mesmo irritante num desempenho para o ecrã e não para plot, construindo um pai-fantoche totalmente surreal e (in)convincente.

[1/5] Previsivel e clichériano

hitmedo

sexta-feira, 9 de maio de 2008

[Ver] My Sassy Girl

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Título Original:
"Yeopgijeogin geunyeo" (2001) [South Korea]

Realização:

Jae-young Kwak

Actores:

Tae-hyun Cha - The Boy
Gianna Jun - The Girl

Comentário

Este “My Sassy Girl” do coreano Jae-young Kwak é mais uma daquelas situações que nos fazem desesperar, e isto porquê?

Porque infelizmente sentimos que estamos cada vez mais limitados a ver os mesmos filmes com os mesmos actores, dos mesmos realizadores e com as mesmas histórias (adaptações de casos reais, de jogos de computador, de livros, de músicas; remakes, remakes de remakes, sequelas, prequelas), enquanto isso somos cerceados da possibilidade de ver outras cinematografias, outras histórias, outras emoções, valha-nos o mercado DVD e a Internet para ao menos atenuar esta frustração.

De facto, esta comédia romântica é um daqueles filmes que nos fazem terminar a sua visualização com o sentimento de leveza no espirito, uma história recheada de humor, contada por um realizador intuitivo e extremamente talentoso.

Uma história que combina momentos hilariantes com uma subtil mas ao mesmo tempo intrigante história de amor, tudo isto entregue por uma performance brilhante e recheada de charme de dois jovens actores.

Tudo isto não mereceu uma salinha neste nosso pobre país, no entanto, concerteza que a remake americana que aí vem será vista por muita gente.

Depois queixam-se da queda de espectadores, de quem é a culpa?

[4/5] Borboletas

4

terça-feira, 6 de maio de 2008

[Ouvir] Rita RedShoes – Dream on Girl

 

Parabéns à Rita que vai actuar este ano no Festival Sudoeste, Dream on Girl :-) .

Para quem diz que em Portugal não se faz boa música abram bem esses ouvidos.

 

 

Rita MySpace http://www.myspace.com/ritaredshoes

segunda-feira, 5 de maio de 2008

[Ouvir] Ray LaMontagne - Crazy

 

Uma grande música vestida por uma voz fantástica.

Ray LaMontagne, a descobrir provavelmente por muito boa gente.

 

domingo, 4 de maio de 2008

[Rever] Broken Flowers

 

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Título Original:
"Broken Flowers" (2005) [USA]

Realização:

Jim Jarmush

Actores:

Bill Murray - Don Johnston
Jeffrey Wright - Winston
Sharon Stone - Laura
Frances Conroy - Dora
Jessica Lange - Carmen
Tilda Swinton - Penny
Julie Delpy - Sherry

Comentário

Sou pouco conhecedor do cinema de Jim Jarmush. Dos seus trabalhos mais longínquos conheço apenas o desigual “Night on Earth” (1991), considerado o pior dos seus primeiros trabalhos. Dentro dos seus filmes mais recentes, tenho alguma dificuldade com o conceito de “Coffee and Cigarettes” (2003), mas considero interessantíssima a enorme melancolia presente em “Ghost Dog: The Way of the Samurai” (1999). Esta melancolia será o cerne da obra de Jarmush (cada vez mais tenho vontade de descobrir os seus primeiros trabalhos) e isso nota-se muito bem neste “Broken Flowers”.
E quem mais perfeito que Bill Murray para personificar essa melancolia? Sim, Jarmush escreveu o argumento a pensar nele. De facto, até admira só agora trabalharem juntos (à parte de um dos “sketches” de “Coffee and Cigarettes”). Murray, repito, é perfeito. Quero lá saber se começa a ser “typecasted” ou não, ele é perfeito neste papel de uma enorme tristeza, ajustando-se como poucos ao burlesco mais desesperado. Quem o substituiria aqui, ou nos filmes de Sofia Coppola e Wes Anderson, com os mesmos resultados?
Bill Murray é Don Johnston (delicioso nome) e começa o filme a ser abandonado pela presente namorada (Julie Delpy). Também logo no princípio, recebe uma carta anónima de uma das suas antigas namoradas – recorde-se, ele é um Casverdadeiro Don Juan – a dizer que, há muito tempo, ela teve um filho dele. Com muita insistência do seu amigo e vizinho Winston (grande Jeffrey Wright) vai partir para uma viagem pelos Estados Unidos, cujo objectivo é reencontrar as quatro mais fortes possibilidades de ter enviado a carta e, assim, encontrar o seu filho. As quatro mulheres? Sharon Stone, Frances Conroy, Jessica Lange e Tilda Swinton.
Em todos os encontros Murray “investiga” as pistas que o ajudem a descobrir a remetente da carta. Com Stone há um momento excelente envolvendo a filha e, no final, Don mostra a sua vertente irresistível. Com Conroy (mais bela que nunca) descobre a ex-hippie transformada na mulher de meia-idade, casada, casa horrível no subúrbio, em resumo, infeliz. Neste episódio temos o momento mais hilariante de todo o filme – Murray a comer a cenoura do seu prato. Com Lange temos o mais fraco dos episódios, ela uma espécie de “médium” para animais. Por último, com Swinton, temos o mais ambíguo dos episódios que nos junta a Don e à sua confusão interior.
Para além de realçarem a personagem Don Johnston – afinal, o mais importante de todo o filme – esta viagem significa também o preâmbulo por uma América interior cheia de personagens derrotadas e agora sufocadas pelos “décors” onde se inserem. É a faceta de “crooner” do seu país, de Jarmush.
Tudo em “Broken Flowers” é desesperado, mas tudo é trabalhado em surdina, ao melhor nível de Jarmush – parece-me essa a grande dificuldade de muitos com este filme. Essa e o facto de não se perceber que estamos na presença de um crise de meia-idade inultrapassável. Desde o princípio, com aqueles longos e belos planos de Don na sua enorme sala de estar a gritar solidão. Nem seria preciso o final para se chegar a essa conclusão. Mas Jarmush insiste, e nós agradecemos, em oferecer-nos aquele jovem perdido e, sobretudo, aquele carro com um jovem (filho de Murray na vida real) a olhar pela janela. Depois temos aquele “travelling” à volta de Murray que faz o filme acabar exactamente onde começou, e este é o grande elogio que tenho para fazer a Jim Jarmush.

[4/5] Belo

4

terça-feira, 29 de abril de 2008

[Ouvir] Age of the Understatement - The Last Shadow Puppets

 

Será sem dúvida nenhuma um dos albuns do ano….Extraordinário.

 

segunda-feira, 28 de abril de 2008

[Admirar] Canoe Lake – Peter Doig

 

Os Ingleses têm a Saatchi Gallery, a Saatchi Gallery tem um dos quadros da minha vida “Canoe Lake” de Peter Doig, enfim existe gente com muita sorte.

O poder desta visão é tremendo e invocativa das noitadas passadas na década de 80 a vibrar com os feitos do menino Vorhee, a calma e lassidão que nos invadem aquando da contemplação desta obra gigantesca é uma experiência única e algo que todos deveriam ter o prazer de desfrutar.

 

Peter Doig - Canoe-Lake

 

Visto na  Saatchi Gallery - Londres.

[Ver] Boarding Gate

 

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Título Original:
"Boarding Gate" (2007) [France / Luxembourg]

Realização:

Olivier Assayas

Actores:

Asia Argento  - Sandra 
Michael Madsen  - Miles Rennberg 
Carl Ng  - Lester Wang 
Kelly Lin  - Sue 
Joana Preiss  - Lisa 
Alex Descas  - Andrew 
Kim Gordon  - Kay

Comentário

O françês Olivier Assayas é mais um daqueles realizadores europeus com um percurso cinematográfico cinzento, recheado de filminhos que não deixam muita marca em quem os vê.

Este Bording Gate é mais um desses filmes, um enredo perdido e confuso, actores completamente à deriva, custa ver a decadência a que a filha do mestre dos Giallos chegou.

Assayas nunca se decide ao longo do percurso narrativo, em determinada altura parece pretender explorar a suposta dimensão marginal de Sandra (Asia Argento) com os seus relatos S&M e o consumo desaustinado de drogas, rapidamente no entanto, salta para a exploração da vertente infantilmente ingénua, a história tanto nos leva para uma explanação erma de ideias do típico B movie, com a desvantagem de Assayas explorar um plot pobre, em enfadonhos 106 minutos quando um típico B se esgotava nos usuais 80 minutos não dando tempo para o desnudar dessas fraquezas; como de seguida estamos a navegar em águas de uma sensaborona intriga internacional.

No meio disto, Olivier Assayas, tem ainda tempo para desbaratar completamente o trabalho inteligente de Madsen.

Um filme chato, chato. Se se apanharem a dormir no vosso lugar depois da cena de sexo, não se preocupem que não serão os únicos.

[2/5]  BORING GATE

2

[Ouvir] Band of Horses - No One's Gonna Love You

 

Hoje estou muito Band of Horses…

 

Seattle – Sim City

 

A cidade de Cobain, mas também do Fraser.

O paradoxo típico da vida.

 

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

[Ouvir] Feist – The Limit of your Love

 

Em junho vamos poder rever e voltar a ouvir a doçura da voz desta menina.

Sweet…Sweet.

 

terça-feira, 22 de abril de 2008

[Ver] Water

 

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Título Original:
"Water" (2005) [Canada]

Realização:

Deepa Mehta

Actores:

Seema Biswas - Shakuntala
Lisa Ray - Kalyani
John Abraham - Narayan
Sarala - Chuyia
Manorama - Madhumati
Vidula Javalgekar - Patiraji "Auntie"
Raghubir Yadav - Gulabi
Kulbhushan Kharbanda - Sadananda
Vinay Pathak - Rabindra

Comentário

Três gerações, três destinos, três niveis de esperança.
Este "Agua" conta-nos uma história dificil de digerir e ao mesmo tempo impossível de não saborear.


A acção gira em torno de três viuvas, uma menina de 9 anos acabada de entrar numa engrenagem hipócrita de desumanização, uma jovem de vinte e poucos com uma porta entreaberta para a salvação adiada e uma senhora de 50 e muitos ao qual a miséria encapotada de tradição religiosa retirou a possibilidade de viver.


O filme roda em volta destes três seres humanos e leva-nos numa viagem traumática que só pode acabar mal, com a destruição natural e cruel de toda a pureza, amor e fé numa sociedade marcada pela miséria.


A pureza de uma criança arrancada aos pés da necessidade de sobrevivência, o amor inocente de uma jovem fatalmente destruído perante o preconceito social de uma sociedade de vistas curtas, a fé de uma velha atraiçoada perante o realismo miserabilista de um povo que tem de lutar pelo pão que come.


As diferentes tonalidades que percorrem o filme, evoluindo dos cinzas, passando pelos suaves azuis e verdes e terminando com o falso esfusio dos vermelhos e amarelos, enquadram-nos de uma forma harmoniosa com o sentimento que emana da história, começamos pela inocência, percorremos um amor efêmero e estival e terminamos com regresso a uma realidade nua e crua.
O trabalhos dos actores, o trabalho de realização tudo isso é subalternizado ao poder da história e esse é de facto o grande mérito de Deepa Mehta, o de reconhecer a força da própria história e de se deixar conduzir por ela, de se limitar a concretizá-la visualmente no fim de contas de a deixar-se contar. Quanto a voçês, eu acho que não se arrependerão se se derem ao trabalho de a ouvir


[4/5] Uma história poderosa

4

segunda-feira, 21 de abril de 2008

[Ler] Diário Russo - Anna Politkovskaia

 

Anna

 

O assalto ao Teatro Nord OST, o massacre da escola de Beslan, a contínua violação de direitos humanos com assassínios, raptos e violações, a destruição dos meios de comunicação independentes, a alteração das leis eleitorais para melhor permitir a manipulação do processo eleitoral, enfim um rol infindável de atrocidades que por incrível que pareça acontecem neste momento na Russia de Putin com beneplácito dos lideres europeus amarrados a dependências das reservas de gás e petróleo russo.

Uma escritora, uma jornalista, uma mulher que pagou com a vida a ousadia de procurar denunciar o odioso esquema putiniano de vitimização de um povo que não tem coragem, nem força de lutar.

Um exemplo exemplar da hipocrisia que grassa num mundo cada vez mais próximo do abismo.

Dois tiros na cabeça quando chegava a casa em Outubro de 2006, foi a recompensa da sua coragem, Putin continua o seu processo mafioso de eternização no poder e o Ocidente continua a ignorar  a vaca na sua sala.

Vergonha.

Buy Online

quinta-feira, 17 de abril de 2008

[Admirar] Christina's World - Andrew Wyeth

Criada em 1948 por Andrew Wyeth é uma das obras de arte mais emblemáticas da cultura Americana.

Inevitável alguns minutos de contemplação, é de facto a desvantagem de não podermos ir a NY com regularidade.

 

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Visto no MOMA.

[Ver] Começar a acabar

 

Comecar

 

Encenação :

João Lagarto

Actores:

João Lagarto

 

Comentário:

Uma entrada arrastada e torturada, uma saída arrastada e torturada, mas uma viagem alucinante recheada de emoções, de sonhos, de desenganos e desespero.

João Lagarto consegue tudo isso trazendo mais uma vez à pequena Sala Estúdio do TN o texto assombroso de Samuel Becket.

Para quem gosta de bom Teatro esta é uma segunda oportunidade a não perder.

terça-feira, 15 de abril de 2008

[Ouvir] Tom Tom Club - Wordy Rappinghood

 

Hoje, estou preguiçoso…Um inusitado assomo de sorriso.

 

[Ouvir] Yael Naim – New Soul

 

E já agora, esta é outra menina que vai estar cá num dos nossos festivais de verão.

 

[Ouvir] Asha – Fire in the Mountain

 

Oiçam isto, e depois não a percam no Santiago Alquimista.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

[Ver] My Blueberry Nights

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Título Original:
"My Blueberry Nights" (2007) [China/France]

Realização:

Wong Kar-Wai

Actores:

Jude Law  - Jeremy 
Norah Jones  - Elizabeth 
Natalie Portman  - Leslie 
Rachel Weisz  - Sue Lynne 
David Strathairn  - Arnie 

Comentário

Kar Wai Wong acerta mais uma vez em cheio.

Um filme que emana beleza desde o primeiro frame, uma beleza à moda antiga, uma beleza que transpira inocência dos tempos em que o cinema era charme e sedução.

E o tema era tão simples, não estamos perante uma trama política sobre as atrocidades da guerra, não estamos perante uma invasão extraterrestre, não estamos sequer perante uma história de amor impossível, não a proposta é tão corriqueira, tão simples, tão batida que poderia ser até classificada como desprovida de interesse e vulgar.

Uma jovem procura superar um desgosto amoroso, conhecem algo mais desinteressante para vos levar ao cinema?

No entanto, Wong concretiza este conceito numa bela experiência para quem embarcar nesta viagem.

Um road movie, uma viagem pela América profunda, a música envolve as imagens, a história envolve os actores, a luz envolve a cor, tudo nesta experiência é envolvimento, é partilha, é íntimo.

A escolha de Norah Jones revelou-se extraordinária, não pelos seus dotes dramáticos, pelos seus dotes vocais, a voz doce e sussurrante da menina de NY permitiu a Wong criar esta sensação de intimidade que perpassa em todo o filme e que culmina com a “cena do beijo” mais íntimo e doce da história do cinema.

Mas para além da doçura de Jones e da sedução de Portman, temos um filme recheado de actores que brilham bem alto, desde os britânicos Law e Weiz passando pelo extraordinário desempenho de Strathairn.

Para completar, somos brindados com mais uma etérea aparição da cada vez mais sedutora Natalie Portman que destila sedução em cada frame, uma Portman que se afirma cada vez mais como uma diva, num mundo que cada vez mais se assume como estéril de star seduction.


[4/5] Doce, sedutor e íntimo.

4

segunda-feira, 31 de março de 2008

Portishead - The day after

 

Depois de 10 anos de espera, eles voltaram.

Apesar do calor da voz de Beth, do maravilhoso momento acústico que foi o wandering stars, da beleza tão característica das musicas de Portishead e de Dummy, eu queria mais. Eu queria que as novas músicas que nos custaram 7 anos de espera respirassem tão livremente como sempre, que nos entusiasmassem como sempre.

Valeu o momento e o arrepio de ouvir mais uma vez os maiores trovadores do nosso tempo.

 

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New York - Yellow Feeling

 

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[Ver] The Darjeeling Limited

 

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Título Original:
"The Darjeeling Limited" (2007) [USA]

Realização:

Wes Anderson

Actores:

Owen Wilson  - Francis 
Adrien Brody  - Peter 
Jason Schwartzman  - Jack 
Amara Karan  - Rita 
Wallace Wolodarsky  - Brendan 

Comentário

A estreia do novo filme do senhor Anderson, foi ansiosamente aguardada por muito boa gente, confesso que eu fui um dos que engrossou essas vastas fileiras, até porque o trabalho até aqui produzido por este senhor era algo que deixava agua na boca. Ainda mais se considerarmos a importância da manutenção da velhinha parceria com o seu amigo de longa data, Clive Owen.

No entanto, depois de terminar a visualização desta nova obra do senhor Rushmore, tenho de confessar que fiquei com a sensação de que apesar de estarmos perante um comédia muito bem conseguida, faltou o km extra para o destino certo, quase que sentimos que saímos uma estação antes.

De facto, o imaginário delirante de Anderson está lá todo, a cor tão esfusiante que caracteriza a sua obra está lá também, temos um Schwartzman genial, um Owen auto-caricaturando-se de uma forma delirante. A história como sempre é surreal e inusitada.

Mas no fim fica a sensação que Anderson não arriscou um milímetro que fosse no percurso, a formula testada foi reutilizada novamente, o desempenho dos actores não fugiu aos estereótipos Andersianos, e mesmo a história parece uma variação pouco elaborada da odisseia marítima de Zissou.

Finalizando, um Anderson usual e pouco surpreendente.

[3/5] Surrealista e Mordaz

3

[Ver] Corações

 

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Título Original:
"Coeurs" (2006) [France]

Realização:

Alain Resnais

Actores:

Laura Morante  - Nicole 
Lambert Wilson  - Dan 
Pierre Arditi  - Lionel 
Isabelle Carré  - Gaelle 
André Dussollier  - Thierry 
Sabine Azéma  - Charlotte 

Comentário

Finalmente, parece que é desta que este Coeurs do mestre Resnais, vamos lá ver se não me engano por falar antes de tempo, vai ver o escurinho da sala de cinema (já lá vão dois anos de espera).

Mas assumindo que as promessas são importantes e devem ser cumpridas, senão valeu pelo menos para alguns sortudos a ante estreia, vamos ter a possibilidade de ver esta obra muito interessante numa das nossas salas de cinema.

Quanto á película em si, o "velho" lobo francês vem provar a adequabilidade da velha máxima que afirma que algumas pessoas são como o vinho do Porto, ou seja, o tempo refina as suas qualidades e o seu talento.

Este Coeurs é de facto um ensaio belíssimo sobre a solidão humana, sobre os sonhos que nos assombram, os desejos que nos assolam, os medos que escurecem as nossas decisões.

É acima de tudo um tratado que desnuda de uma forma bela e crua a natureza de quem somos, e a forma desassombrada e certeira como esse desvendar é feito só seria possível neste velho Resnais, maduro e vivido, e não no novo Resnais ingénuo e virulento que nos deu o belo “L'Année dernière à Marienbad”.

Uma beata com ataques de sensualidade inusitada, uma mulher perdida numa relação perdida, um homem marcada pela desonra familiar, um idoso acamado mas violentamente insultuoso, uma jovem solitária á procura do amor, um homem no fim da vida á procura de um novo início, um barman viciado num circulo vicioso de uma rotina insidiosa, enfim uma orquestra de sonhadores que têm algum em comum, o simples de facto de quererem ser felizes sem saberem como e que facilmente representariam a palete humana que nos dias de hoje vagueiam nas nossas cidades tão europeias.

Para quem gosta de bom cinema, plácido, inteligente e mordaz este é um daqueles filmes a não perder.

 

[4/5]  Inteligente e Divertido

4

segunda-feira, 24 de março de 2008

Portishead Count Down

Faltam 4 dias para o concerto do ano.

 

Copenhagen - European Style

 

Copenhagen4

[Ver] Nunca é Tarde Demais

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Título Original:
"The Bucket List" (2008) [USA]

Realização:

Rob Reiner

Actores:

Jack Nicholson  - Edward Cole 
Morgan Freeman  - Carter Chambers 
Sean Hayes  - Thomas 
Beverly Todd  - Virginia Chambers 
Alfonso Freeman  - Roger 

Comentário

Um Nicholson a fazer de Nicholson, um Freeman a fazer de Freeman, um Reiner a fazer de Reiner...

Confesso que a meio destes constantes dejá-vu's a paciência já não era muita e a sensação de tempo perdido instalou-se.

Uma historiazinha batida até mais não, a moralidade americana acéfala do costume recheada de momentos de pura inverosimilhança, fazem deste filme uma das piores obras do ano.

Só um certo brio estóico me permitiu terminar a visualização de mais uma obra medíocre do outrora tão engraçado meat head, longe vão os tempos dos orgasmos públicos.

[1/5]  Pura perca de tempo ...

hitmedo

quarta-feira, 5 de março de 2008

[Ver] A Grande Festa

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Título Original:
"La Grande Bouffe" (1973) [France/Italy]

Realização:

Marco Ferreri

Actores:

Ugo Tognazzi - Ugo
Marcello Mastroianni - Marcello
Michel Piccoli - Michel
Philippe Noiret - Philippe
Andréa Ferréol - Andrea
Monique Chaumette - Madeleine
Florence Giorgetti - Anne r

Comentário

Pensem nisto, quatro distintos senhores burgueses retiram-se para uma pequena casa suburbana, o seu objectivo é deleitarem-se num festim de auto indulgência para todos os pecados da gula, quer estes sejam alimentares quer estes sejam simplesmente carnais.
Um juíz, um produtor de TV, um piloto e um reputado Chef de cozinha decidiram por variadas razões que a sua vida se tornou um enfado e uma perca de tempo. Nesse sentido a solução para escapar a uma existência inerte é partirem em grande estilo com uma festa de arromba para o outro lado.
A arma escolhida para consumar este suícido em grupo não foi uma pistola, uma corda ou mesmo uma caixa de comprimidos, concerteza que plebes meios não estariam em consonância com o status social que estes senhores crêem possuir, por isso a morte será alcançada através de um percurso de fim de semana de degustação extrema e contínua dos mais variados, bizarros e vulgares pratos.
No entanto após a sua chegada ao local, e cenário montado, rápidamente reconhecem que este adeus não pode ser limitado ao mero acto de comer é imperioso elevar o nível de deboche e naturalmente a orgia sexual surge como complemento á orgia gastronómica, para isso são chamadas prostitutas ás quais se junta inesperadamente uma jovem professora liceal. Surpreendemente é a jovem professora liceal que contrariando o seu aspecto angelical que rápidamente domina o festim demonstrando um apetite sexual e alimentar aos quais os suicidas rápidamente constatam não ter capacidade de acompanhar.
No segundo dia rápidamente se apercebem que escolheram uma forma nojenta de morrer e pouco consêntanea com o seu pretenso elevado status, a casa de banho explode cobrindo um dos membros de merda e vómito e envolvendo a casa com um cheiro nausebundo. Outro dos suicidas enfrenta uma crise de profunda flatulência facto que culmina com uma das formas mais asquerosas de morrer até hoje mostradas em cinema.
Enfim, este "La Grande Bouffe" de Marco Ferreri ainda hoje, passados mais de 30 anos, é discutido como um marco no chamado cinema artístico oriundo da "Art House", no entanto a forma como o realizador italiano estica ao máximo as fronteiras do chamado bom gosto, fez com que esta obra nunca concretizasse efectivamente todo o seu potencial artístico e alcançasse o reconhecimento merecido.
Onde esta obra se torna no entanto excelente é na exploração e no estudo do processo estoico de auto indulgência humana. No inicio os personagens satisfazem-se apenas no puro desejo de comer, beber e foder. No entanto, com o desenrolar da história este consumo torna-se cada vez mais prazenteiro quanto mais comida forem conseguindo enfiar nas suas atulhadas goelas sempre acompanhada com um sorriso irónico de crescente satisfação e de determinação.
Este La gRand Bouffe é uma lição contra o excesso de comida assim como Scarface o era para a cocaína. No inicio somos confrontados com o requinte e o cuidado com que as refeições vão sendo preparadas e digeridas, com o passar do tempo vamos vendo como todo esse processo se torna cada vez mais grotesco e nojento.
Um filme que é acima de tudo um misto de humor e depressão, de diversão e repugnância. No inicio a preparação da comida deixou-me com fome, no final a última coisa que me apetecia fazer era comer.
Temos de adorar um movimento artístico que se consegue safar com cenas em que um homem repousa no chão de uma opulenta sala de jantar sendo alimentado á colher até á morte, ao mesmo tempo que uma opulenta e voluptuosa senhora se masturba até atingir o climax....
Um belo ensaio cinematográfico sobre os excessos burgueses levado ao extremo e que garantidamente irá provocar voltas mesmo nos estomagos mais fortes.
Clips do Filme Clip 1|Clip 2|Clip 3

[5/5]  Perfeito

5

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

[Ver] O menino de Kabul

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Título Original:
"The Kite Runner" (2007) [USA]

Realização:

Marc Forster 

Actores:

Khalid Abdalla  - Amir 
Homayoun Ershadi  - Baba 
Zekiria Ebrahimi  - Young Amir 
Ahmad Khan Mahmoodzada  - Young Hassan 
Shaun Toub  - Rahim Khan 

Comentário

Dois miúdos com laços desconhecidos, uma relação de amizade que termina em tragédia. E no meio de tudo isto a metáfora óbvia dos papagaios a voar livremente, em Portugal era a gaivota, enfim coisas da Liberdade.

Falando sério, o muito aguardado regresso de Marc Foster desvenda uma história que não aposta em estrelas, mas sim num desfiar de um rol de injustiças.

De facto, o popular livro de Khaled Hosseini que serviu de inspiração para esta fita, tem todos os ingredientes certos para ser uma boa experiência cinematográfica, actualidade política decorrente de descrever o processo de ocupação do Afeganistão, primeiro pelos Russos, depois pelos Talibãs, faltou a fase Americana digo eu; tragédia a rodos com os pobrezinhos a serem aviltados e chacinados inexoravelmente, injustiça em quantidades industriais com crianças e mulheres vítimas de rancores ancestrais e irracionais e não faltando até o típico vilão visceralmente demoníaco personificando o que de mais negro a religião pode trazer ao espírito humano.

No entanto, Foster acaba por ficar na superficialidade da história, os personagens são desenhados de uma forma extremamente linear e maniqueísta sem qualquer tipo de matizes, a história, é certo que agarra o espectador desde o primeiro frame, mas ficamos sempre ao longo deste percurso com uma sensação de que não chegaremos à saciedade.

Estamos perante uma espécie de teatro de sombras que paradoxalmente tem nas imagens o seu ponto mais forte com uma China surpreendentemente transformado numa Kabul.

Como dizia a música, hoje soube-me a pouco.

[2/5]  Se não houver mais nada pra ver...

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