Título Original:
"Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street" (2008) [USA]
Realização:
Tim Burton
Actores:
Johnny Depp - Sweeney Todd
Helena Bonham Carter - Mrs. Nellie Lovett
Alan Rickman - Judge Turpin
Timothy Spall - Beadle Bamford
Sacha Baron Cohen - Adolfo Pirelli
Jamie Campbell Bower - Anthony Hope
Edward Sanders - Toby
Laura Michelle Kelly - Beggar Woman / Lucy
Jayne Wisener - Johanna
Comentário
A história é sobejamente conhecida, um homem que é despojado de tudo, da sua família, da sua liberdade e da sua própria dignidade, para satisfação de um capricho carnal de um poderoso.
O trabalho do realizador, Tim Burton, é também muito peculiar e característico, uma obra preenchida por filmes negros com personagens sempre macabras e com aspecto tenebroso, enquadrados sempre com música lúgubre e imagens surrealmente escuras e saídas de um imaginário escuro e esconso.
O actor é ele próprio um produto Burtiano, excêntrico, cool, e sempre com toneladas de maquilhagem.
Perante isto poderíamos pensar que pouco espaço haveria a novidade e que os filmes de Burton seriam uma mera repetição de formulas e conceitos, que estaríamos a ver novamente o mesmo filme com pequenas variações.
No entanto, de uma forma geral podemos dizer que Burton tem conseguido contrariar essa ideia com obras belas, imaginativas e com a abertura de novas portas para esse mundo negro sempre renovado com novos cantos escuros desconhecidos e maravilhosos.
Um Ed Wood frutuosamente excêntrico, um cabeleireiro inocentemente macabro, um Batman finalmente negro ou até mesmo um fantasma pleno de ironia viciosa, tudo isto foram criaturas que nasceram nesse mundo maravilhoso e surreal que Burton tem partilhado connosco.
Infelizmente, este Sweeney Todd que parecia um filme feito à medida para este mundo, com mais um personagem nado e criado para este universo burtiano, acaba por resvalar completamente.
Um casting infeliz, Depp está pouco convincente criando uma cópia mais negra do inocente Edward e esta colagem é sempre evidente ao longo de todo o filme não nos conseguindo passar a revolta e a loucura de um homem acossado.
O casal de jovens apaixonados que deveria fazer o contraponto ao par Lovett e Todd, é totalmente desastroso, com Jamie Bower a revelar-se uma escolha infeliz e sem um pingo de convicção, havendo momentos de puro descalabro artístico.
A história aparece-nos mal colada e ligada, muito mal adaptada com alterações que tornaram o enredo virgem de sentido e a roçar a incongruência.
No meio deste naufrágio o que sobra? Muito pouco. Um Rickman profissional, uma aparição genial do grande Sacha Cohen, mais uma vez o look negro com uma fotografia belíssima e pouco mais, é muito pouco para o génio de Burton, muito pouco.
Juntem mais 10 euros ao preço do bilhete e vão ali aos lados de Praça de Espanha e no rejuvenescido Teatro Aberto constatarão que o sangue será de certeza mais vermelho e angústia mais arrebatadora.
[2/5]
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