Título Original:
"Paradise Now" (2005) [Palestine / France / Germany / Netherlands / Israel ]
Realização:
Hany Abu-Assad
Actores:
Kais Nashef - Said
Ali Suliman - Khaled
Lubna Azabal - Suha
Amer Hlehel - Jamal
Hiam Abbass - Said's Mother
Comentário
Antes de mais, deixem-me começar pela lista intimidatória que acompanhou o lançamento deste filme, numa única sala em Portugal, pasme-se! Salve o Saint Amazon.com.
- Blue Angel Prize (win) 2005 Berlin International Film Festival
- Best Foreign Language Film (win)
2005 Dallas-Ft. Worth Film Critics Association
- Best Foreign Language Film (win)
2005 Golden Globe
- Best Foreign Language Film (win)
2005 National Board of Review
- Best Foreign Film (win)
2005 Independent Spirit Award
- Best Foreign Film (nom)
2005 Academy
- Best Foreign Language Film (nom)
2005 Broadcast Film Critics Association
Temos de reconhecer que é no minímo impressionante, tanto a horda de prémios internacionais como o ostracismo a que foi vetado na velhinha sala do King, pelas nossas queridas distribuidoras.
Mas falando do que interessa, estamos perante um filme que não impressiona pela preocupação artística e cujos actores não deslumbram limitando-se a cumprir profissionalmente o seu papel. Sendo assim o que levou esta primeira obra de Hany Abu-Assad a ter o reconhecimento da crítica europeia que teve(excepto Portugal, claro)?
As respostas poderão de facto ser muitas.
Passando ao lado da actualidade política que á partida garantiria alguma atenção.
Falemos das outras razões que me parecem estar na base da beleza imanente desta obra.
O facto de esta ser uma co-produção Israel-Palestiniana (com dinheiro Franco-Alemão pelo meio) permite de facto que esta viagem ao incompreensivelmente óbvio conflito que nos envergonha e que tem permitido um dos muitos massacres contemporâneos de um povo que se viu usurpado da sua terra, seja uma viagem de facto tão lúcida e tão sem procuras de culpados, aqui o que se procura são os inocentes.
Um homem com um passado negro que determinará o seu futuro, o suicida, uma jovem com um passado luminoso que não determinará o seu futuro, a apaixonada, um jovem sem passado e sem futuro, o perdido, este é o trio que na prática representa todo um povo explorado pelos outros e pelos seus. Um povo usado como arma de arremesso vingativa e ao mesmo tempo como alibi de vingança.
É aqui de facto que resiste a força deste filme, nas metáforas dicotómicas e na história simples e sem juízos de valor. A fuga ao facilitismo religioso é evidente, não vemos um deus particular, embora ele seja invocado constantemente, todo o acto de oração é omitido ou pura e simplesmente “humorizado”, o que importa aqui é procurar contar uma história e não mostrar um olhar.
E a história é simples, reparem, os últimos dois dias de dois suicidas palestinianos, tão simples mesmo e ao mesmo tempo tão difícil esse caminho da simplicidade, Hany Abu-Assad está de parabéns.
O final é algo de único, um final que corresponde ao ritmo do filme, impressionante. Um silêncio atroz para uma realidade amarga.
[4/5] Imperdível
1 comentário:
Excelente crítica.
Saudações cinéfilas.
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