quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

[Ver] O menino de Kabul

wp1-wide

 

Título Original:
"The Kite Runner" (2007) [USA]

Realização:

Marc Forster 

Actores:

Khalid Abdalla  - Amir 
Homayoun Ershadi  - Baba 
Zekiria Ebrahimi  - Young Amir 
Ahmad Khan Mahmoodzada  - Young Hassan 
Shaun Toub  - Rahim Khan 

Comentário

Dois miúdos com laços desconhecidos, uma relação de amizade que termina em tragédia. E no meio de tudo isto a metáfora óbvia dos papagaios a voar livremente, em Portugal era a gaivota, enfim coisas da Liberdade.

Falando sério, o muito aguardado regresso de Marc Foster desvenda uma história que não aposta em estrelas, mas sim num desfiar de um rol de injustiças.

De facto, o popular livro de Khaled Hosseini que serviu de inspiração para esta fita, tem todos os ingredientes certos para ser uma boa experiência cinematográfica, actualidade política decorrente de descrever o processo de ocupação do Afeganistão, primeiro pelos Russos, depois pelos Talibãs, faltou a fase Americana digo eu; tragédia a rodos com os pobrezinhos a serem aviltados e chacinados inexoravelmente, injustiça em quantidades industriais com crianças e mulheres vítimas de rancores ancestrais e irracionais e não faltando até o típico vilão visceralmente demoníaco personificando o que de mais negro a religião pode trazer ao espírito humano.

No entanto, Foster acaba por ficar na superficialidade da história, os personagens são desenhados de uma forma extremamente linear e maniqueísta sem qualquer tipo de matizes, a história, é certo que agarra o espectador desde o primeiro frame, mas ficamos sempre ao longo deste percurso com uma sensação de que não chegaremos à saciedade.

Estamos perante uma espécie de teatro de sombras que paradoxalmente tem nas imagens o seu ponto mais forte com uma China surpreendentemente transformado numa Kabul.

Como dizia a música, hoje soube-me a pouco.

[2/5]  Se não houver mais nada pra ver...

2

Seattle - Ordinary Life

 

Seattle

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

[Ouvir]Le Peuple de L'Herbe - Le Peuple de L'Herbe

Electrónica à moda antiga.

 

[Ver] Paraíso Agora

paradise_now

 

Título Original:
"Paradise Now" (2005) [Palestine / France / Germany / Netherlands / Israel ]

Realização:

Hany Abu-Assad

Actores:

Kais Nashef - Said
Ali Suliman - Khaled
Lubna Azabal - Suha
Amer Hlehel - Jamal
Hiam Abbass - Said's Mother

Comentário 

Antes de mais, deixem-me começar pela lista intimidatória que acompanhou o lançamento deste filme, numa única sala em Portugal, pasme-se! Salve o Saint Amazon.com.

 

  • Blue Angel Prize (win) 2005 Berlin International Film Festival
  • Best Foreign Language Film (win)

2005 Dallas-Ft. Worth Film Critics Association

  • Best Foreign Language Film (win)

2005 Golden Globe

  • Best Foreign Language Film (win)

2005 National Board of Review

  • Best Foreign Film (win)

2005 Independent Spirit Award

  • Best Foreign Film (nom)

2005 Academy

  • Best Foreign Language Film (nom)

2005 Broadcast Film Critics Association

 

Temos de reconhecer que é no minímo impressionante, tanto a horda de prémios internacionais como o ostracismo a que foi vetado na velhinha sala do King, pelas nossas queridas distribuidoras.

Mas falando do que interessa, estamos perante um filme que não impressiona pela preocupação artística e cujos actores não deslumbram limitando-se a cumprir profissionalmente o seu papel. Sendo assim o que levou esta primeira obra de Hany Abu-Assad a ter o reconhecimento da crítica europeia que teve(excepto Portugal, claro)?

As respostas poderão de facto ser muitas.

Passando ao lado da actualidade política que á partida garantiria alguma atenção.

Falemos das outras razões que me parecem estar na base da beleza imanente desta obra.

O facto de esta ser uma co-produção Israel-Palestiniana (com dinheiro Franco-Alemão pelo meio) permite de facto que esta viagem ao incompreensivelmente óbvio conflito que nos envergonha e que tem permitido um dos muitos massacres contemporâneos de um povo que se viu usurpado da sua terra, seja uma viagem de facto tão lúcida e tão sem procuras de culpados, aqui o que se procura são os inocentes.

Um homem com um passado negro que determinará o seu futuro, o suicida, uma jovem com um passado luminoso que não determinará o seu futuro, a apaixonada, um jovem sem passado e sem futuro, o perdido, este é o trio que na prática representa todo um povo explorado pelos outros e pelos seus. Um povo usado como arma de arremesso vingativa e ao mesmo tempo como alibi de vingança.

É aqui de facto que resiste a força deste filme, nas metáforas dicotómicas e na história simples e sem juízos de valor. A fuga ao facilitismo religioso é evidente, não vemos um deus particular, embora ele seja invocado constantemente, todo o acto de oração é omitido ou pura e simplesmente “humorizado”, o que importa aqui é procurar contar uma história e não mostrar um olhar.

E a história é simples, reparem, os últimos dois dias de dois suicidas palestinianos, tão simples mesmo e ao mesmo tempo tão difícil esse caminho da simplicidade, Hany Abu-Assad está de parabéns.

O final é algo de único, um final que corresponde ao ritmo do filme, impressionante. Um silêncio atroz para uma realidade amarga.

[4/5]  Imperdível

4

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

[Ver] Juno

JUNO_1024X768_WP03

 

Título Original:
"Juno" (2007) [USA]

Realização:

Jason Reitman

Actores:

Ellen Page  - Juno MacGuff 
Michael Cera  - Paulie Bleeker 
Jason Bateman  - Mark Loring 
Jennifer Garner  - Vanessa Loring 
Allison Janney  - Bren MacGuff 
J.K. Simmons  - Mac MacGuff 
Olivia Thirlby  - Leah

Comentário 

Se houvesse dúvidas de que o ditado, filho de peixe sabe nadar, Jason Reitman é mais um exemplo de que de facto a sabedoria popular tem sempre um suporte sólido na realidade. Mais, Jason Reitman, corre o sério risco de provar que o ditado, filho de peixe sabe nadar melhor, é ainda mais verdadeiro.

Depois de uma estreia como realizador muito auspiciosa, com o surpreendente "Thank you for smoking", Reitman surge agora com uma das comédias mais originais e bem conseguidas oriunda do país desses senhores da comédia mundial, com nome de arbusto.

Um elenco dominado por uma menina Page a consolidar a demonstração de talento protagonizada no obscuro Hard Candy, uma história woodyalliana à antiga, uma banda sonora deliciosa, tudo isto numa abordagem despretensiosa, mordaz e hilariante de um tema sério, ou se calhar nem tanto.

Para quem gosta de bom cinema.

[4/5]

4

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

[Ouvir] Vampire Weekend - A-Punk

 

[Ver] No vale das sombras

PHOTOGRAPHS TO BE USED SOLELY FOR ADVERTISING, PROMOTION, PUBLICITY OR REVIEWS OF THIS SPECIFIC MOTION PICTURE AND TO REMAIN THE PROPERTY OF THE STUDIO. NOT FOR SALE OR REDISTRIBUTION

 

Título Original:
"In the Valley of Elah" (2007) [USA]

Realização:

Paul Haggis

Actores:

Tommy Lee Jones  - Hank Deerfield 
Charlize Theron  - Det. Emily Sanders 
Jason Patric  - Lt. Kirklander 
Susan Sarandon  - Joan Deerfield 
James Franco  - Sgt. Dan Carnelli

Comentário 

Paul Haggis já nos habitou um nível criativo bastante elevado pelo que este In the Valey of Elah fosse esperado com uma aura de expectativa bastante elevada.

Desta vez Haggis pegou numa história real muito pertinho do coração dos americanos (mais uma vez, depois do Racismo a Guerra), um pai que procura um filho desaparecido após o seu regresso de uma comissão no Iraque, desvendando nessa busca uma outra viagem, a da transformação de jovens sonhadores em homens visceralmente anestesiados para a vida.

Mais uma vez o prato é cozinhado com os ingredientes usuais, conspiração militar, trauma pós-guerra, disfunção familiar, incompetência policial, enfim está tudo lá. No entanto a mestria da escrita de Haggis consegue algo que para muito boa gente seria impossível, ou seja, a fuga ao óbvio e à mera repetição de fórmulas.

Haggis consegue isso em  grande medida graças à sua enorme qualidade como argumentista, contando uma história velhinha com uma abordagem ortodoxa, recorrendo a um registo extremamente contido dos seus actores (diria sem histerismos) com um único momento catártico, a história flui com uma naturalidade perturbante, os planos alargados e prolongados promovem uma contemplação intensa dos sentimentos dos personagens, finalmente a forma como Tommy Lee Jones encarna um pai em sofrimento interiorizado é a cereja no topo do bolo.

Um filme que reforça o reconhecimento de um contador de histórias do nosso tempo e consagra definitivamente (embora tardiamente) um actor lutador.

[4/5]

4

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

[Ouvir] JP Simoes- Inquietação

 

O grande e eterno José Mário Branco numa interpretação de um dos melhores músicos portugueses, JP Simões.

 

[Ver] O lado selvagem

 Into-the-Wild-Horse-1236

 

Título Original:
"Into the Wild" (2007) [USA]

Realização:

Sean Penn

Actores:

Emile Hirsch  - Christopher McCandless 
Marcia Gay Harden  - Billie McCandless 
William Hurt  - Walt McCandless 
Jena Malone  - Carine McCandless 
Catherine Keener  - Jan Burres 
Brian Dierker  - Rainey 
Vince Vaughn  - Wayne Westerberger 
Zach Galifianakis  - Kevin 
Kristen Stewart  - Tracy 
Hal Holbrook  - Ron Franz 

Comentário 

Definitivamente um dos filmes do ano.

Esta é sem dúvida uma obra que consolida Sean Penn como uma das mentes mais inteligentes e sensíveis no panorama cinematográfico americano contemporâneo.

Este "Into the Wildt" é um filme belíssimo em todas as suas dimensões. Visual, artística, envolvimento, sedução.

Recheado de imagens que comprova a sensibilidade e perspicácia do olhar cénico de Penn, com a profusão de um conjunto de imagens plenas de beleza estonteante.

Uma realização a roçar a perfeição, com tudo o que acontece em cena a denunciar o trabalho quase artesanal de atenção e dedicação aos mais ínfimos pormenores, e isto não era fácil num filme em que uma boa parte é passada numa interacção solitária Homem / Natureza.

Uma história devastadora passada para a tela de uma maneira magistral, conseguindo o que parecia impossível, aquela avassaladora ânsia de viver em harmonia.

Um casting quase perfeito, com um jovem  Hirsh a surpreender como alicerce de uma história poderosa, e um Holbrook  a merecer todos os prémios que hajam para distribuir por esse mundo fora.

Um final arrebatador e perfeito como à muito tempo não se via em cinema.

Estamos claramente perante um daqueles filmes que ficam na memória como uma experiência inolvidável e maravilhosa, uma daquelas fitas que vai ficar na lista de filmes da vida de muita boa gente, uma experiência que vai ser indubitavelmente utilizada em tertúlias cinéfilas durante muitos anos vindouros.

Uma aventura keroukiana sublime e destinado a ser um dos filmes do ano.

Penn no seu estado mais perfeito.

Decididamente a não perder.

[5/5]

5

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Para rir ou chorar

 

Vou-te deletar-te e excluir-te do meu orkut.

 

 

P.S. - Cumprimentos ao Élvio Santiago, apenas um jovem à procura do seu lugar ao sol.

[Ouvir] John Parish - Water Road

 

Sublime...

 

[Ver] The King of Kong

image

 

Título Original:
"The King of Kong: A Fistful of Quarters" (2007) [USA]

Realização:

Seth Gordon 

Actores:

Billy Mitchell
Doris Self
Steve Wiebe
Nicole Wiebe
Steve Sanders  
Todd Rogers  
Walter Day   
Brian Kuh   
Robert Mruczek

Comentário 

Um jogo clássico de Arcada, o velhinho e saudoso Donkey Kong. Dois homens que lutam acintamente por serem reconhecidos os maiores do negócio de saltar barris enquanto sobem plataformas, tudo para salvar uma donzela em perigo.

Aparentemente este parece um inicio de um documentário ridículo, como as aparências enganam, como as aparências enganam.

Este é de facto um dos estudos mais interessantes sobre o comportamento humano made in USA.

Numa época em que apenas Michael Moore aparente ser digno de atenção no mundo dos documentários, surgem estas obras deliciosas e generosamente simples.

Este “The King of Kong” é um daqueles filmes que todos vão gostar, uma daquelas experiências que tornam a nossa vida melhor, que nos deixam saudosos e orgulhosos de sermos quem pensamos que somos e não sermos quem pensamos que não somos, e isto tudo com a vantagem de serem lições com pessoas reais e tão, tão humanas, que até parecem o nosso primo, o nosso tio ou no mínimo o nosso vizinho do segundo esquerdo.

Desde o soberbo "Wordplay" que algo tão deliciosamente simples não me fazia sorrir tão naturalmente.

Ahhh, e o que eu adorei ver finalmente o lendário "kill screen" que na minha adolescência tanto falávamos nos corredores do velhinho liceu.

 

[3/5]

3

[Ver] 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

h_3_ill_911770_cannes-4mois

 

Título Original:
"4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile" (2007) [Romania]

Realização:

Cristian Mungiu

Actores:

Anamaria Marinca  - Otilia 
Laura Vasiliu  - Gabita 
Vlad Ivanov  - Mr. Bebe 
Alexandru Potocean  - Adi 
Luminita Gheorghiu  - Adi's Mother Gina 

Comentário 

Aqui há um tempinho vi num cinemita esconso um suposto filmezito Romeno, de nome "Occident" dirigido por um Romeno de nome Cristian Mungiu.

Quando saí da velhinha sala de cinema, só me apetecia dizer, UAUUU, tinha acabado de assistir uma das melhores comédias negras da minha vida desde o belo “American Beauty”, e ainda por cima aquilo era um filme Romeno, o que óbviamente “cocegava” o meu preconceito.

Esta nova vaga de reconhecimento do novo cinema Romeno veio no entanto reforçar a minha crença que no único país latino da Europa Oriental se tem vindo a fazer cinema de elevada qualidade, que o brilhantemente kafkiano "The Death of Mr. Lazarescu" e o deliciosamente mordaz "12:08 East of Bucharest" são dois dos exemplos mais conhecidos.

Dito isto, obviamente que estava ansioso pela estreia em Portugal do novo filme do menino Cristian Mungiu, e só posso dizer que o filme esteve à altura das minhas expectativas.

Durante quase 2 horas somos colocados na pele, não de uma mulher que vai abortar, mas inteligentemente, na pele de uma testemunha desse aborto.

E quando digo que esta transferência é inteligente, é-o na medida em que nos permite fazer qualquer coisa, nos permite falaciosamente fugir, nos permite ajudar, nos permite interrogar:

E se fosse comigo?

Ainda bem que não é.

É este subterfúgio que nos concede a decência de ser decente.

A forma como Cristian Mungiu filma, com planos prolongados, silenciosos e pouco ortodoxos reforça a crescente sensação de exploração puramente parasitária com a cena do pagamento sexual, da recriminação social hipócrita com a cena do jantar de família ou a sensação de vergonha e angustia com a cena do descarte da prova do acto vergonhoso.

Sem concessões, sem juízos de valor e com a benesse de podermos ser a outra de podermos ser humanos. Este feitiço só é quebrado com um último olhar inquisidor e recriminatório do nosso pretenso alter-ego. 

Brilhante.

[4/5]

4

[Ver] Vista Pela Última Vez...

 gone-baby-gone-1

 

Título Original:
"Gone Baby Gone" (2007) [USA]

Realização:

Ben Affleck

Actores:

Casey Affleck  - Patrick Kenzie 
Michelle Monaghan  - Angie Gennaro 
Morgan Freeman  - Jack Doyle 
Ed Harris  - Remy Bressant 
John Ashton  - Nick Poole 
Amy Ryan  - Helene McCready 
Amy Madigan  - Bea McCready 
Titus Welliver  - Lionel McCready 
Michael Kenneth Williams  - Devin 
Edi Gathegi  - Cheese 

Comentário 

Depois de uma estreia assombrosa como argumentista em Good Will Hunting, Ben Affleck vem vindo a construir uma carreira como actor que o levou aos píncaros da pura incompetência com produtos tão excecráveis como Bounce, Deception, Daredevil, Surviving Christmas, etc.

Este regresso á escrita com o muito interessante "Gone Baby, Gone", parece vir trazer de volta Affleck ao seu verdadeiro espaço. E à partida, este novo trabalho do actor tinha de facto indícios de se vir a tornar mais um fiasco na sua carreira, nomeadamente ao nível do tema escolhido.

Esta temática das criancinhas desaparecidas tem sido um dos últimos filões em exploração exaustiva pr’ós lados Hollywwod, a colagem que durante muito tempo se fez ao famigerado desaparecimento da infeliz Maddie, também tenderia a afastar muitos espectadores mais cautelosos.

No entanto, Affleck, conseguiu dar a volta totalmente a estes indicadores, e isso foi conseguido graças a um argumento extremamente inteligente, recordando o entusiasmo juvenil do belo Good Will, que constrói uma história sólida e sórdida, recheada de twists que arrastam o espectador de forma ciciante, uma história que lança constantes desafios a uma interpretação que vai muito mais para além do superficial que entra na pele de quem a vê. Esta é uma história que funciona como uma introspecção sobre o que verdadeiramente é importante na essência humana, um duelo inglório entre o certo e o correcto, entre o ético e o adequado. É neste navegar para longe da abordagem típica e fácil destes “Casos da Vida” que Afleck consegue um triunfo surpreendente.

Para além do poder do argumento, Affleck consegue ainda uma direcção sólida, ritmada e muito promissora para um primeiro trabalho como realizador, a esse facto também se deve o casting feliz com uma Amy Ryan brilhante numa mãe “atípicamente” usual, num registo white trash perfeito, e um Casey Affleck a reforçar a crença cada vez mais unânime que estamos perante um dos actores mais versáteis e talentosos da sua geração.

Um filme empolgante e cheio de ritmo. A não perder.

[4/5]

4

Redrum...Redrum

O clássico de terror kubrikiano.

Um dos raros casos em que o cinema bateu a literatura.

Agora vejam-no em 30 segundos, cortesia dos coelhinhos da Angy Alien

 

sábado, 2 de fevereiro de 2008

[Ver] Os Donos da Noite

 

12nigh600

 

Título Original:
"We Own the Night" (2008) [USA]

Realização:

James Gray

Actores:

Joaquin Phoenix  - Bobby Green 
Mark Wahlberg  - Lt. Joseph Grusinsky 
Eva Mendes  - Amada Juarez 
Robert Duvall  - Bert Grusinsky 
Antoni Corone  - Michael Solo 
Moni Moshonov  - Marat Bujayev 
Alex Veadov  - Vadim Mezshinski 
Tony Musante  - Jack Shapiro 

Comentário 

A batida história dos dois irmãos, um polícia, um na má vida.

A batida lição moral de o mal castiga sempre.

A batida latina boazuda.

O batido russo mafioso.

A inverosímil transformação de um vagabundo num polícia de elite.

Enfim, este é um daqueles filmes cheio de clichés, um daqueles filmes bonzinhos que nem aquece nem arrefece, que não abana nada, certinho, certinho.

Um filme destinado ao esquecimento célere, resumindo, mais um filme à James Gray.

[2/5]

2

[Ver] Sweeney Todd

 

stwallpaperbykhalenys6

 

Título Original:
"Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street" (2008) [USA]

Realização:

Tim Burton

Actores:

Johnny Depp  - Sweeney Todd 
Helena Bonham Carter  - Mrs. Nellie Lovett 
Alan Rickman  - Judge Turpin 
Timothy Spall  - Beadle Bamford 
Sacha Baron Cohen  - Adolfo Pirelli 
Jamie Campbell Bower  - Anthony Hope 
Edward Sanders  - Toby 
Laura Michelle Kelly  - Beggar Woman / Lucy 
Jayne Wisener  - Johanna 

Comentário 

A história é sobejamente conhecida, um homem que é despojado de tudo, da sua família, da sua liberdade e da sua própria dignidade, para satisfação de um capricho carnal de um poderoso.

O trabalho do realizador, Tim Burton, é também muito peculiar e característico, uma obra preenchida por filmes negros com personagens sempre macabras e com aspecto tenebroso, enquadrados sempre com música lúgubre e imagens surrealmente escuras e saídas de um imaginário escuro e esconso.

O actor é ele próprio um produto Burtiano, excêntrico, cool, e sempre com toneladas de maquilhagem.

Perante isto poderíamos pensar que pouco espaço haveria a novidade e que os filmes de Burton seriam uma mera repetição de formulas e conceitos, que estaríamos a ver novamente o mesmo filme com pequenas variações.

No entanto, de uma forma geral podemos dizer que Burton tem conseguido contrariar essa ideia com obras belas, imaginativas e com a abertura de novas portas para esse mundo negro sempre renovado com novos cantos escuros desconhecidos e maravilhosos.

Um Ed Wood frutuosamente excêntrico, um cabeleireiro inocentemente macabro, um Batman finalmente negro ou até mesmo um fantasma pleno de ironia viciosa, tudo isto foram criaturas que nasceram nesse mundo maravilhoso e surreal que Burton tem partilhado connosco.

Infelizmente, este Sweeney Todd que parecia um filme feito à medida para este mundo, com mais um personagem nado e criado para este universo burtiano, acaba por resvalar completamente.

Um casting infeliz, Depp está pouco convincente criando uma cópia mais negra do inocente Edward e esta colagem é sempre evidente ao longo de todo o filme não nos conseguindo passar a revolta e a loucura de um homem acossado.

O casal de jovens apaixonados que deveria fazer o contraponto ao par Lovett e Todd, é totalmente desastroso, com Jamie Bower a revelar-se uma escolha infeliz e sem um pingo de convicção, havendo momentos de puro descalabro artístico.

A história aparece-nos mal colada e ligada, muito mal adaptada com alterações que tornaram o enredo virgem de sentido e a roçar a incongruência.

No meio deste naufrágio o que sobra? Muito pouco. Um Rickman profissional, uma aparição genial do grande Sacha Cohen, mais uma vez o look negro com uma fotografia belíssima e pouco mais, é muito pouco para o génio de Burton, muito pouco.

Juntem mais 10 euros ao preço do bilhete e vão ali aos lados de Praça de Espanha e no rejuvenescido Teatro Aberto constatarão que o sangue será de certeza mais vermelho e angústia mais arrebatadora.

[2/5]

2